sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTAMOS SALVOS, E AGORA? - II REIS 7


Façamos uma viagem no túnel do tempo - estamos em 850 a.C., no reinado de Jorão em Israel, que vive uma situação dramática: Samaria sitiada pelo exército da Síria sob a liderança do Rei Ben-Hadade (6:24); uma grande fome leva o povo a comer cabeça de jumento com esterco de pombas (6:25); o desespero amplia e o conduz para um canibalismo inominável (6:26-29); diante do caos o rei de Israel concentra sua indignação no alvo errado – o profeta Eliseu e o Senhor (6:30-33).


Na hora da crise precisamos ouvir a Palavra do Senhor através de seu profeta – uma palavra de esperança e de exortação (7:1-2). O foco do texto concentra-se agora na porta de Samaria onde estão quatro homens marcados: pela mesma limitação física (4:3 “homens leprosos”); pela segregação (v. 3; Lv 13:46; Nm 5:1-4; 12:4-5 “estavam à entrada da porta”); pela inquietação da morte iminente (v. 3 “... para que estaremos nós aqui sentados até morrermos?”); pela esperança e ousadia (v. 4 “...vamos, pois, agora, se nos deixarem viver, viveremos.....) – diante de três opções claras de morte, insistiram em sonhar com a vida; pela unidade – sofrem juntos, refletem juntos, sonham juntos e agirão sempre juntos.....


A história da crise teve seu enredo mudado pelo Senhor de todas as crises: chegando os quatro leprosos ao arraial dos siros os não encontraram nenhum deles (v. 5), pois o Senhor provocara nos seus ouvidos a sensação de que estavam sendo atacados por um grande exército (v.6), razão pela qual abandonaram tudo o que tinham com a esperança de pelo menos salvar as suas vidas (v. 7).


A história da crise é a história da graça: na mesma noite (compare v. 5 com o v. 7 ) em que os leprosos impotentes, desamparados e encurralados iniciavam uma caminhada cheios de uma esperança irracional, o Senhor se antecipou e concretizou uma extraordinária salvação, baseada exclusivamente na Sua graça e não nos méritos dos leprosos. Da mesma forma nós, marcados pela lepra do pecado e condenados à vivenciar no inferno uma morte eterna, vivendo em desespero fora da cidade celestial, querendo entrar nela mas sem saber como, fomos alcançados pelo Evangelho da graça que nos trouxe a boa nova de Jesus: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei; tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11:28-30). Ouvindo e atendendo o chamado de Jesus recebemos uma salvação completa, definitiva e transformadora: (Is 43:11-12a, 13b “eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador; eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir... agindo eu quem impedirá”?), (At 4:11-12 “Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular; e não há salvação em nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”); (Ef 2:8 – “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não de obras, para que ninguém se glorie”).


Mas a questão seguinte e inevitável para os leprosos, bem como para nós é: ESTAMOS SALVOS, E AGORA? Os leprosos deram duas respostas a esta importande indagação e elas também devem ser as nossas....





I – APROPRIAÇÃO: PRECISAMOS USUFRUIR DE TUDO O QUE NOS ESTÁ SENDO OFERECIDO EM CRISTO JESUS (v. 8)





1.) Os leprosos se apropriaram de alimento, dinheiro (prata/ouro) e vestuário.....


2.) Em Cristo temos igualmente toda provisão física


Alimento – “não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir; não é a vida mais que o alimento, e o corpo mais do que as vestes? Observai as aves do céu – não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros, contudo, vosso Pai celeste as sustenta; não vaeis vós muito mais do que as aves” (Mt 6:25-26). Vestuário – “por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo – eles não trabalham, nem fiam, eu contudo vos afirmo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como qualquer deles; ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?” (Mt 6:28-30). Dinheiro – “fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais ví o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão; logo precisamos de .... “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).


3.) Em Cristo, acima de tudo, temos toda a provisão interior


A promessa de provisão espiritual plena feita a Isaías (Is 55:1-3) foi cumprida em Jesus: “Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus, porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo conhecimento... Vós sois de Deus, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1:4-5, 30-31) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3).


4.) Não basta saber que Cristo nos provisiona, é preciso apropriar-nos do que Ele nos oferece... (“Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” – I Pd 2:2)


II – MISSÃO: PRECISAMOS LEVAR OUTRAS PESSOAS A EXPERIMENTAREM DA MESMA SALVAÇÃO QUE RECEBEMOS DE CRISTO (V. 9)


1. Os leprosos, na medida que usufruiam das benesses da salvação miraculosa, foram sendo tomados por um sentimento (v. 9): de culpa (“não fazemos bem”), de omissão (“este é o dia de boas-novas e nós nos calamos”), de urgência (“se esperarmos até à luz da manhã, seremos tido por culpados”), de decisão (“agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do Rei”). Assim, foram à cidade e deram o grande brado de vitória aos porteiros (v. 10), que comunicaram ao rei (v. 11) que a princípio ficou ressabiado, mas depois acabou tendo que admitir que Deus fizera mesmo um grande milagre (v. 12-15). Deus poderia ter usado o Rei, o sacerdote ou até mesmo o profeta para anunciar a boa nova da salvação, mas preferiu usar quatro inexpressivos e rejeitados leprosos, ensinando-nos que a tarefa da proclamação deve ser feita por todos aqueles que já experimentaram o poder do livramento do Senhor, independentemente de cultura, status, importância, projeção, riqueza, fama, reconhecimento ou qualquer outro valor humano!


2. O Senhor coloca sobre nós o desafio da responsabilidade missionária na cidade: “teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse – não temas, pelo contrário, fala e não te cales, porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18:9-10). Como cumprir esta responsabilidade?: tempo – “agora, pois, vamos...” (v. 9); mensagem - anunciando o que Deus em Cristo já fez e nós experimentamos – “vamos e o anunciemos...” (v. 9) “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4:20); estratégia – pequeno grupo (eles eram 4 pessoas unidas); alvo específico – aqueles que estão naturalmente mais perto -“vieram, pois,e bradaram aos porteiros da cidade...” (v. 10)...


CONCLUSÃO


1. Salvação implica em apropriação (“... desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” – Fp 2:13) e missão (“Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado; e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” – Mt 28:19-20).


2. Quando nos apropriamos do que é nosso em Cristo e repartimos em missão com aqueles que ainda não são de Cristo, o ciclo da salvação se amplia e renova: trazendo provisão para o povo (v. 16), cumprindo as promessas do Senhor (v. 16b) e fazendo prevalecer a justiça do Senhor (v. 17-20).


3. Desafio – a parábola da ponte quebrada (contada pelo Pr. Saulo Carvalho). Pense em apenas uma pessoa com a qual você tem relacionamentos regulares e ainda não conhece Jesus.... Amanhã você terá de ir para um sítio, fazendo um trageto que inclue muitos pastos, lavouras, retas, curvas, riachos até chegar a um rio que tem uma ponte sobre uma região de grande precipício... Imagine que você de fato foi ao sítio e, inesperadamente, ao fazer a curva que dava no rio do precipício você percebeu que a ponte estava quebrada. Clamando pelo sangue de Jesus, você foi graciosamente e miraculosamente salvo, retornando imediatamente para sua casa a um só tempo atordoado e feliz. Na mesma noite deste dia você ouviu a campainha tocar e atendeu com certa preguiça: seu amigo, numa potente moto, veio avisar que estava indo para o mesmo sítio.... Imediatamente, você contou sua história e com o máximo de empenho o dissuadiu de fazer a viagem que poderia resultar na sua morte. Pense agora na palavra de Pv 24:11-12 “livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos; se disseres, não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações, não saberá aquele que atenta para a tua alma...” Pense, igualmente, na pessoa que você lembrou a pouco e que ainda não sabe efetivamente da salvação que Cristo lhe proporcionou na cruz: hoje ainda é dia de boa nova e você não pode se calar; esperar para depois pode ser muito tarde; tome já a decisão dos leprosos – “agora, pois, irei e anunciarei”!


Ezequiel 33:7-9 / “A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tú, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lhe darás aviso da minha parte. Se eu disser ao perverso: ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti. Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma”

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