segunda-feira, 8 de agosto de 2011

“Não insistas comigo para que te deixe, pois para onde fores, irei também, onde habitares eu habitarei. O teu povo é o meu povo, e o teu Deus o meu Deus. Na terra em que morreres, quero morrer e ser sepultada. O Senhor trate-me com rigor, se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti!” Rute 1, 15-18 [1]

RUTE - A Bisavó Do Rei Davi
Valdenira Nunes de Menezes Silva



“Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas” (Salmo 36:7).

Rute foi uma mulher que decidiu, em seu coração, ter Deus em sua vida como Senhor mesmo tendo a oportunidade de escolher entre Ele e sua família.

Ela era casada mas seu esposo, filho de Noemi, faleceu. Sozinha, ela fez uma decisão... não voltar para os seus familiares mas ficar com a sua sogra a quem ela muito amava. Ela iria para uma terra distante cujo povo tinha como Deus, Aquele que, verdadeiramente, havia criado o céu e a terra. Rute era jovem, tinha um bom coração e era forte e decidida.

Noemi, sua sogra, ficou feliz por tê-la como amiga e companheira, pois ela sabia que elas iriam enfrentar uma vida nova e desconhecida. Ela não estaria só. Juntas partiriam para Belém de Judá

Podemos imaginar ambas cansadas, chegando em Belém, e Rute agradecendo ao Senhor pela beleza da fartura e pela beleza dos campos dourados com o trigo pronto para ser colhido pelos trabalhadores.

Lembro-me de quando viajava de carro pelos Estados Unidos, a caminho do Canadá, onde meu marido estava indo fazer o seu doutorado na área de informática, e passávamos pelos campos de trigo. É, realmente, de uma beleza sem igual. Os campos ficam dourados e é quando imaginamos que esta beleza não é nada diante do que Deus tem preparado para nós, Seus filhos. A Bíblia nos diz em 1Coríntios 2:9 que... “... As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.”

Rute e Noemi nada tinham. Eram pobres e estavam começando uma nova vida. Mas era costume em Israel, os donos destes campos deixarem as pessoas pobres colher tudo que seus trabalhadores deixassem cair. A Bíblia nos diz que Rute foi ao campo de Boaz para apanhar espigas para o sustento dela e de sua sogra.

Ela, ao tomar esta decisão, certamente, repousou no Senhor, sabendo que o Deus que, agora, fazia parte de sua vida, estava dirigindo cada passo seu. A confiança que ela depositava no Senhor, tornava-a forte e sábia para executar os planos dEle em sua vida. E o que Deus queria em sua vida estava acontecendo...

* Todos em Belém ficaram sabendo da lealdade dela para com Noemi.
* Todos souberam da tragédia que caiu sobre as duas – morte de seus maridos.
* Todos souberam, inclusive Boaz, de sua renúncia aos seus deuses moabitas e sua entrega total ao Deus de Israel.

Boaz, que era da família de Elimeleque, esposo de Noemi, viu Rute pela primeira vez quando colhia o resto do trigo que era permitido ser colhido pelos pobres. A Bíblia diz que ele perguntou a seu moço: “De quem é esta moça? (Rute 2:5) E o moço respondeu: “... Esta é a moça moabita que voltou com Noemi dos campos de Moabe” (Rute 2:6).

O Senhor estava preparando o futuro de Rute. Ele estava cuidando daquela que seria a bisavó do rei Davi. Ele estava protegendo aquela que confiava nEle e que repousava na sombra das Suas asas.

Boaz conheceu aquela de quem tanto falavam e que, agora, estava diante dele. Sendo ele um homem de boa índole, chamou Rute e disse: “... Ouves, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços que não te molestem?” (Rute 2:8-9).

Rute, então, humildemente, caiu em terra e agradeceu a ele. E, além de tudo isto, ainda ouviu dele palavras que, com certeza, encheram-na de alegria. Ele disse:
“O Senhor retribua o teu feito; e te seja concedido pleno galardão da parte do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar” (Rute 2:12).

Vejam que palavras doces vindas do coração de um homem temente a Deus. A Bíblia também nos mostra palavras muito doces de uma mulher (Rute) que já havia decidido em seu coração ser temente a Deus ...
“... aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada...” (Rute 1:16-17).
Boaz e Rute, duas pessoas tementes a Deus e que estavam em sintonia com os perfeitos planos do Senhor para suas vidas.

Irmã, o Senhor é um Deus bom que cuida de nós a cada momento da nossa vida. A Bíblia nos assegura no Salmo 36:7 o seguinte:
“Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas.”
Nós somos os sabiás e os beija-flores que se aquecem e se abrigam nas asas do Senhor porque é nEle onde está o “manancial da vida” e é Ele que nos oferece “mananciais no deserto”.

Sejamos como Rute que não se abateu com a tragédia que surgiu em sua vida mas confiou no Senhor que lhe deu sabedoria, fortaleza e amor.

Quando estamos passando por vales escuros, lembremo-nos que Jesus já passou por tudo isto, muito antes de nós.
Spurgeon disse que “muitos crentes definham em masmorras, quando podiam andar pelos terraços dos palácios e avistar a boa terra e o Líbano! Crente, levante-se da condição em que está... Aspire por uma vida mais plena, aspire uma vida mais alta, aspire por uma vida mais nobre. Vá para cima. Vá para mais perto de Deus!”

Irmã, quando você estiver atravessando rios turbulentos, lembre-se de que o Senhor está com as Suas asas abertas esperando para aquecê-la, protegê-la e colocar paz em seu coração. Depende de você querer repousar nEle e... ser feliz.

Noemi era para Rute uma verdadeira mãe e Rute a tratava como uma filha que a amava. Ela começa a dar conselhos à Rute, ensinando-a como agir diante de Boaz já que ele era o possível remidor. Ela disse:
“Ora, pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, de nossa parentela: Eis que esta noite padejará a cevada na eira. Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos... quando ele se deitar... cobrir-lhe-ás os pés... e ele te fará saber o que deves fazer” (Rute 3:2-4).

Como uma filha obediente, ela fez, exatamente, como Noemi lhe aconselhara, pois ela sabia que a sua sogra queria o melhor para a vida dela. A Bíblia nos diz em Rute 4:13 que “... tomou Boaz a Rute, ela lhe foi por mulher; e ele a possuiu e o Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um filho.” Este filho foi Obede que foi pai de Jessé que foi pai do rei Davi... chegando até Jesus Cristo.

Irmã, sigamos o exemplo de Rute que foi uma mulher segundo o coração de Deus, devotada à sua família e era feliz por estar ajudando a sua sogra. Ela também amava e confiava no Senhor. E, além de tudo isto, ela era uma fonte de bênçãos. E você, irmã, que características você tem que servem de exemplo para seus filhos, vizinhos, irmãs da igreja...?

Quando servimos de todo o coração ao Senhor, virtudes fluem de nós e o mundo nos vê como verdadeiras mulheres virtuosas, mulheres que amam a Deus e vivem com o propósito de servi-Lo. Em 1Timóteo 5:10, a Palavra de Deus nos ensina a sermos servas não apenas do Senhor mas também daqueles que Ele coloca diante de nós:
“Tendo testemunho de boas obras: se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra.”


“Senhor Deus, meu Pai, que o amor que eu demonstre às pessoas seja o amor que tenho aprendido de Ti.
Amém!"





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RUTE E NAOMI
Disse Naomi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; também tu, volta após a tua cunhada. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe, e me obrigue a não seguir-te; porque aonde quer que fores, irei eu, e aonde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e aí serei sepultada, faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de insistir com ela.

Rute 2: BOAZ, FIRME NA BONDADE

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BOAZ, FIRME NA BONDADE
Rute 2

A biografia de Rute, contada num dos livros mais emocionantes da Bíblia, bem poderia ser a história de Boaz. (As atitudes de Boaz são comentadas, com muita propriedade, por WAKEFIELD, Norm, BROLSMA, Jody. Homens são de Israel, mulheres são de Moabe. São Paulo: Vida, 2003.) Neste livro, cuja história ocorre no período dos juízes em Israel, Boaz ("nele há força", em hebraico), oferece uma demonstração do que significa a bondade, fruto do Espírito, segundo o Novo Testamento (Gálatas 5.22).
Ele era primo em primeiro grau de Rute, uma moabita convertida ao judaísmo. Viúva de Malon, ela chegara aos termos de Judá acompanhando a ex-sogra, a israelita Noemi, que resolvera voltar para sua terra depois que seu marido e seus dois filhos morreram, em busca de melhores condições de vida que acharam possíveis em Judá.
As duas fixaram-se em Belém, no período da colheita (por volta do ano 1250 a.C.). Em busca de alimento para si e para a ex-sogra, Rute dirigiu-se casualmente à fazenda de Boaz. Sem conhecê-la, seu primo a tratou com muita generosidade, como o demonstra a narrativa bíblica (Rute 2.4-18).

Segundo a tradição judaica, o parente mais próximo de uma viúva tinha o dever de se casar com ela e comprar a sua propriedade. Noemi, então, reconhecendo em Boaz um dos resgatadores de Rute, procurou aproximar a ex-nora de Boaz.
Informado do compromisso, Boaz lembrou que havia um parente mais chegado que ele. Reunido o sinédrio da cidade de Belém, o anônimo tio de Rute se recusou a desposá-la. Provavelmente ele teve medo de cair numa desgraça espiritual, já que a lei mosaica proibia que uma moabita passasse a integrar, por casamento, o povo de Israel (Nenhum amonita ou moabita, até a décima geração, fará parte do povo do Deus Eterno. Eles ficarão de fora -- Deuteronômio 23.3). Boaz não deve teve o mesmo receio, especialmente depois do apoio que lhe foi dado pelo conselho local. Na verdade, apesar desta autorização, ele correu o risco de ser considerado impuro. Por este casamento, ele e sua esposa, bisavós de Davi, entraram na genealogia do Messias.
Por seu comportamento, Boaz pode ser colocado na galeria de homens cheios de graça. Bondade é a marca mais evidente no seu jeito de ser.

O livro de Rute traz diferentes manifestações desta firme bondade, algumas das quais aparecem no capítulo 2. São estas que agora consideraremos, pois, se bondade é o amor em ação, Boaz é a sua demonstração.
Muito antes de Jesus Cristo, Boaz mostrou-se habitado pelo Espírito de Deus. Sua bondade é fruto deste Espírito (Gálatas 5.22).

1. BOAZ MANIFESTA SUA BONDADE NO MODO COMO TRATAVA AS PESSOAS.
Quando chega à fazenda para supervisionar a colheita, Boaz tem uma palavra de afetuosa saudação aos empregados. Ele diz: "O Senhor seja convosco!" (verso 4), uma expressão que aparece só mais uma vez no Antigo Testamento (Gênesis 43.23), mas muitas vezes no Novo Testamento, proferida por Jesus (Lucas 25.36, João 20.19-21) e pelo apóstolo Paulo (Romanos 16.20, 1Coríntios 1.3, 1Coríntios 26.13, Colossenses 4.18, 1Tessalonicenses 5.28, 1Timóteo 1.21, 2Timóteo 4.22).
A prova de que não foi um cumprimento protocolar está em que notou que havia uma pessoa estranha ao grupo. Ele procurou saber: "De quem é esta moça?" (verso 5). Para tanto, ele observara o grupo. Boaz falou olhando para eles. A resposta que ouviu dos seus empregados demonstra a reciprocidade que seus gestos provocavam: "O Senhor te abençoe!" (verso 4). Parece que aqueles empregadas ansiavam pela chegada do seu patrão.

1.1. Se queremos que palavras de bondade nos habitem e perfumem o ambiente em que vivemos e toquem os corações dos outros, porque estão tocando os nossos, precisamos nos interessar pelos resultados que nossas palavras podem provocar. Que bem, ou que mal, fará a palavra que vou proferir -- esta deve ser a minha pergunta, neste caminho de aprendizagem.
A recomendação bíblica é que a nossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, quando estivermos nos comunicando (Colossenses 4.6). O apóstolo Paulo nos pede que temperemos com sal a nossa palavra. Comida sem sal é comida difícil de ser comida. Comida com sal de mais é nociva à saúde. Nossa palavra deve ter o tempero da emoção, mas não da emoção excessiva, para não fazer mal. Em outras palavras, importa o conteúdo, mas também a forma com que se diz. Todos sabemos o quanto é boa uma palavra dada a seu tempo (Provérbios 15.23). Bondade produz bondade. Ela pode começar com a nossa forma de cumprimentar as pessoas.

1.2. Se queremos que palavras de bondade nos habitem e perfumem o ambiente em que vivemos e toquem os corações dos outros, porque estão tocando os nossos, precisamos, precisamos procurar desenvolver a capacidade de prestar atenção às pessoas. O que há de ruim nas pessoas é como um outdoor: colocado em lugares estratégicos, tem nove metros de largura por três de altura: todo mundo as vê. O que há de bom nas pessoas são como anúncios classificados num jornal; só quem vê tem boa visão. Uma pessoa atrás de um balcão numa loja pode ser apenas um balconista, mas pode ser uma pessoa com nome, sobrenome e história. Com quem queremos nos relacionar?
Se prestarmos atenção às pessoas, nós nos relacionaremos com elas, como elas são. Quando Paulo pede que nossas palavras sejam temperadas com sal, o apóstolo Paulo nos lembra que cada alimento exige um tipo de sal (sal grosso no churrasco, sal refinado na farofa, por exemplo), como cada pessoa é diferente; cada uma precisa de uma palavra diferente. O conteúdo pode ser o mesmo, mas a forma deve ser personalizada. Só personalizaremos o conteúdo de nossa comunicação, prestando atenção às pessoas. Ser notado é uma necessidade humana, porque indica que elas pertencem. Um dia destes, uma reportagem televisiva mostrava a moda dos num congresso de esqueitistas. Um deles desafiou a repórter: veja se tem algum vestido igual. Cada um queria ser diferente, como uma forma de ser notado.
Uma vez uma senhora me chamou em sua casa. Depois do cumprimento, ela me perguntou:
-- Por que o senhor não gosta de mim?
Eu indaguei por que. Ela completou:
-- O senhor passa por mim e não me cumprimenta.
Eu fiquei surpreso, porque eu gosto de pessoas, eu gosto de estar com pessoas, eu gosto de cumprimentar pessoas. Eu pedi desculpas e prometi melhorar, prometi prestar mais atenção às pessoas. Espero que esteja melhorando.
Notar o outro é bondade. Bondade produz bondade.

1.3. Se queremos que palavras de bondade nos habitem e perfumem o ambiente em que vivemos e toquem os corações dos outros, porque estão tocando os nossos, precisamos proferir palavras que abençoem.
Quando notamos as pessoas, podemos perceber suas necessidades e, logo, podemos abencoá-las com palavras de bondade, às vezes, palavras sem palavras, que são as palavras que ouvem as palavras do outro, palavras com palavras, que são palavras cordiais, pois como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial. (Provérbios 27.9). A Bíblia é ainda mais profunda quando diz que palavras bondosas são como beijo nos lábios (Provérbios 24.26).
Se é verdade que a bondade não é apenas o território da palavra, também o é que ela se manifesta por meio de palavras. Todos sabemos que uma palavra oportuna é como uma maçã de ouro em salva de prata (Provérbios 25.11). Em outros termos, palavras abençoadoras são de valor inestimável. Quem já viu viu uma maçã de ouro numa salva de prata? A comparação indica o valor de palavras de bondade, mas, infelizmente, também a sua raridade.
Que nossas palavras sejam maçãs de ouro em salvas de prata, não pela sua raridade, mas pelo seu valor. Bondade produz bondade.


2. BOAZ MANIFESTA SUA BONDADE NO MODO COMO ULTRAPASSOU AS FRONTEIRAS DO PRECONCEITO.
Rute não fazia parte do grupo de empregados de Boaz. Rute não fazia parte do seu grupo social. Assim mesmo, Boaz não a discriminou. Pouco depois, Rute se apresenta como é: uma estrangeira (verso 10) e, para piorar, uma moabita. Assim mesmo, Boaz, que não tinha qualquer interesse utilitário ou sentimental por ela, não a tratou indevidamente. Tudo conspirava contra Rute, quadruplamente miserável aos olhos dos homens do seu tempo: não era judia, mas moabita, mulher e viúva.
A história de Rute e de Boaz mudou porque Boaz não julgou pela aparência, porque todo preconceito é baseado na aparência. As tradições e preconceitos de seu tempo não tinham penetrado na sua vida. Antes, ele tinha a capacidade ver além das regras, para tratar as pessoas com respeito. Ao ser assim, Boaz refletia o coração de Deus, de cuja bondade somos embaixadores. (WAKEFIELD, Norm, BROLSMA, Jody, op. cit., p. 37-40.)
Sabemos que o Deus não nos vê como as pessoas nos vêem, pela aparência, mas olha para os nossos corações (O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração -- 1 Samuel 16.7). Lemos a recomendação de Jesus que não devemos julgar segundo a aparência, massegundo a resta justiça (João 7.24).
No entanto, também sabemos o quão difícil é julgar segundo os olhos divinos, tão humanos que somos. Por isto, continuamos julgando, mesmo sabendo que devemos fazê-lo, para não ser julgados, que o seremos com a medida que usarmos para os outros (Mateus 7.1-2).
O relacionamento entre Boaz e Rute só foi possível porque Boaz não permitiu que os preconceitos de sua gente habitassem sua vida. Precisamos de mais Boazes entre nós.

Ainda há vítimas do preconceito social, que leva muitos a julgarem os outros por sua condição socioeconômica ou escolar. A herança recebida por uma família não tem nada a ver com a sua integridade. A formação escolar de uma pessoa não tem nada a ver com a sua inteligência. No entanto, este tipo de preconceito ainda faz vítimas e há vítimas porque há algozes nos quais falta a bondade.

Ainda há vítimas do preconceito étnico, por meio do qual a cor da pele influencia a visão do outro. Não importa a cor dos olhos; eles enxergam (ou não enxergam) do mesmo modo. Todo o sangue tem a mesma cor, e logo a mesma força (ou fraqueza). No entanto, há valores preconceituosos arraigados nas nossas mentes, preconceitos que machucam. Há costas feridas porque há chicotes, brandidos por quem não é bom.

Ainda há vítimas do preconceito de gênero. Em muitas igrejas, as mulheres são cidadãs de segunda classe. Um dia desses, encontrei-me com uma pastora, de uma outra confissão evangélica. Ela era a única naquela reunião de pastores. Ela contou que, quando estudante, um de seus professores disse que não era contra pastoras, desde que todos os membros da igreja fossem mulheres...

Ainda há vítimas do preconceito religioso, que leva alguns a olharem os diferentes não como diferentes mas como inferiores. Infelizmente, as religiões (a nossa inclusive) têm sido um solo fértil para o desenvolvimento do preconceito. Chegamos ao ponto, por exemplo, de tornar a terceira pessoa da Trindade divina, o Espírito Santo que une e conforta, em promotor da divisão, em nome de quem se cometem ataques e julgamentos. as porque há algozes.

É possível, no entanto, que nenhum de nós possa ser enquadrado nestes tipos de preconceitos. Há outro tipo, contudo. É o preconceito difuso: não é social, nem sexual, nem racial, nem religioso, mas é preconceito. Eu me refiro a atitudes preconceitos que não dependem destas características individuais. Se hoje eu julgo alguém por uma experiência negativa que tive com ele no passado, não estou sendo bondoso, mas preconceituoso. Se eu desprezo uma pessoa só porque não a conheço, não estou sendo bondoso, mas preconceituoso. Uma experiência não pode determinar o comportamento daí para a frente. Um sorriso não correspondido hoje pode ser correspondido amanhã -- eis como pensa uma pessoa habitada pela bondade.
Estes preconceitos atingem a todos, pelo que os cristãos, devemos procurar olhar com o olhar de Deus, como seus embaixadores.

3. BOAZ MANIFESTA SUA BONDADE NO MODO DE OFERECER GENEROSIDADE.
O que Boaz faz por Rute vai além de muitas de nossas atitudes. Sua bondade para com ela alcançou o andar superior da generosidade.
Depois de reconhecer nela uma pessoa bondosa, pelo que fizera pela ex-sogra, o fazendeiro convida para a mesa para se alimentar livre e gostosamente. Quando voltou para ao trabalho, determinou que não houve limitação à sua área de colheita e, mais, que fossem deixas propositamente espigas para que ela recolhesse no campo (versos 12 a 16).
Boaz não deu esmola a Rute. Ela teve que colher espigas. A sua dignidade estava mantida. Ao final, ela recolheu quase uma efa de cevada (verso 17), algo como 22 litros, o máximo que poderia carregar.
Boaz agia animado pela generosidade de Rute para com Noemi e por sua fidelidade a Deus, a Quem um dia escolhera para servir. Havia gratidão no gesto de Boaz, mesmo que a decisão dela não fosse em seu beneficio.
O que Rute fez foi para proteger Noemi. O que Boaz fez foi para proteger Rute. Disse alguém (Henry David Thoreau) que "a bondade é o único investimento que jamais falha" (THOREAU, Henry David. Citação disponível em Se é verdade que "a bondade tem convertido mais pecadores do que o zelo a eloqüência ou a cultura" (FABER, Fredrick . Citado por WAKEFIELD, Norm, BROLSMA, Jody, Quando a nossa bondade alcança o andar da generosidade, é porque alcançamos o nível mais elevado da bondade. A palavra generosidade tem a mesma raiz (gen) de gene, genético, geração, gênesis, todas referentes ao nascimento da vida. A generosidade produz a vida. Sem uma vida generosa a vida se torna árida e vazia. "A generosidade sopra vida nova e nos conecta com os propósitos criativos de Deus para conosco". (LEIDEL, Jr, Edwin M. Hatching Generous Hearts; Address to the Seventh Convention of the Episcopal Diocese of Eastern Michigan Grace Episcopal Church. Disponível em . Acessado em 22.4.2003.) O nosso Deus é descrito como generoso (Isaías 55.7b).
Generosidade é a bondade com alegria, sem nenhuma espera de retribuição. A generososidade está na bondade da iniciativa e raramente resposta. Generosidade é a bondade que excede.

CONCLUSÃO
Embora seja "muito mais fácil reconhecer a bondade do que defini-la" (W. H. Auden), podemos vê-la como o comportamento natural numa pessoa espiritual. Na perspectiva bíblica, é um desejo espiritual de fazer bem aos outros. Por isto, não deve ser como que por obrigação mas de livre vontade (Filemon 1.14) .
A Bíblia espera que sejamos cheios de bondade e de conhecimento, que não são antônimos (Romanos 15.14).

Lançar o meu pão sobre as águas ignotas
para ser tomado pelo bico das gaivotas?
Lançar o meu pão sobre as águas revoltas
onde serão apenas minúsculas migalhas soltas?
Lançar o meu pão sobre as águas imundas
de onde baixarão para as trevas profundas?
Lançar o meu pão sobre as águas imensas
que o conduzirão para distâncias densas?

Nada sei sobre o destino das águas
porque não sei como as ondas se formam
como não sei onde os ventos se reformam
como não sei o que as nuvens portam
como não sei porque as trevas assim se comportam.

Sei que vou recolher o meu pão lançado
mesmo que pelas gaivotas bicado,
mesmo que pelas pedras esmigalhado,
mesmo que pelo óleo manchado,
mesmo que da viagem cansado,

porque confio na Palavra plena de Deus
que me manda meu pão sobre as águas lançar,
eis que Seus projetos são melhores que os meus,
pelo que Sua sabedoria quero tão somente alcançar.
(O DESTINO DO PÃO, Eclesiastes 11, 2000)


Deus nos abençoe, à medida que nos esforçamos para melhor obedecê-Lo.

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